30 de mar. de 2006

NÃO coma carne












É SABOROSA, É SAUDÁVEL, É NATURAL
a carne bovina é produzida no pasto
em harmonia com a natureza.


Rapaz, foi um choque ver isso dentro de um vagão de metrô, em meio a um empurra-empurra que me fazia sentir como um boi no corredor do matadouro, obrigado a engolir olhos adentro tamanha patifaria.
Aliás, o que choca, para quem ainda não perdeu a sensibilidade, em São Paulo, é a quantidade de publicidade e anúncios que te oferecem a chance de ser um vencedor, de chegar em primeiro lugar, de ser o maior e o melhor em sua profissão, seja fazendo o curso x, estudando na faculdade y ou consumindo o produto z.
No anúncio da revista VOCÊ S/A está escrito que quem tem ambição chega ao topo. Como disse a Ana: haja pódium para tantos vencedores!

27 de mar. de 2006

Para fazer a dança da chuva



Quem não se lembra em filme de mocinho e bandido, que o índio era sempre amigo do vilão da história? Cena clássica de faroeste: um índio com penacho e roupa de franja, manga comprida, com rifle na mão, despencando de uma fachada de madeira, à frente da câmera. E dança da chuva, então? Diz que faziam chover? Hoje, ninguém mais acredita. Nem eles, indígenas. Mas, loucura ou não, pensar nisto pode levar a conclusões não tão absurdas para os dias absurdos que hoje vivemos. Porque o equilíbrio ambiental é tão frágil que uma simples movimentação e vibração a mais nos átomos em nosso entorno podem mudar a configuração de toda a camada cósmica. Com a industrialização, com o desprezo pela natureza, a indiferença em face à fome dos miseráveis, com a crescente poluição, corrupção, etc. isso parece improvável e até ridículo de ser pensado.
Principalmente no momento em que vivemos barbaridades como as que têm feito os Estados Unidos - nação hegemônica no cenário político e econômico mundial – que simplesmente boicotaram a Conferência de Kyoto, contrários a regulamentação da emissão de gases tóxicos no ar. Ou que não aceitaram a conferência de Durban, África, para não discutirem os termos da escravidão moderna como se isto não fosse de interesse mundial. Logo eles, os maiores poluidores! Que país é aquele para eleger um homem que teve sua campanha financiada por industrias bélicas, petrolíferas e farmacêuticas? “Just do it” é o slogan da Nike, uma dessas grandes empresas transnacionais que se instala em países onde os sindicatos são reprimidos e a mão de obra é remunerada abaixo de salário mínimo, trabalhando o tempo máximo. Aí é que a idéia da dança da chuva realmente dança. Vão ligar para coisa de índio ou de maluco-utopista-visionário que fica pensando coisas como essas?
Pensar em “dança da chuva”, aquela brincadeirinha que fazíamos quando criança, girando em torno do fogo, com as mãos na boca fazendo uh, uh, uh, em tempos de ALCA, Nafta, guerra imperialista, é usar toda a colonização cultural, toda a merda enlatada, toda a lavagem cerebral que nos impuseram, para reafirmar, mais uma vez que, enquanto houver resistência haverá quem ouse a fazer a Dança da Chuva. I singning and dancing to make rain. Viva a paródia e o plágio!
E a chuva e a dança lembram outro personagem, o xamã - aquele que transita entre o mundo dos mortos trazendo mensagens aos vivos – que é o feiticeiro, o pajé, o curandeiro, o “padre”, o “médico” da tribo. Com a intervenção da cultura do branco sobre a cultura do índio, este equilíbrio instável também não resistiu e mesmo os índios já preferem tomar um remédio para aliviar dor no estômago do que confiar na sabedoria do pajé. Enquanto isso, nos laboratórios multinacionais, os segredos das ervas e plantas são clonados e patenteados sem que seus verdadeiros descobridores tenham qualquer possibilidade de acesso aos dividendos dessas “pesquisas”.
Voltando, o que é uma mentira? Para quê ela serve? Serve para enganar os outros. Para levar vantagem sobre alguém. Para obter lucros e dividendos. Antes não havia mentira entre os índios porque não havia interesses comerciais entre eles. Ninguém precisava levar vantagem sobre ninguém porque não havia o conceito de propriedade. Lendas ancestrais não são mentiras, são partes dos mitos. É outra coisa. Então, quando um xamã promovia a dança da chuva, um ritual de cura, um pedido de ajuda aos deuses para encontrar alimentos, por exemplo, aquilo era uma verdade para toda a tribo, para toda a comunidade. Não existia a desconfiança, a mentira não fazia sentido. Mas à medida que os povos indígenas foram entrando em contato com os brancos e sendo enganados, e suas terras tomadas, então uma enorme dúvida se instalou no meio deles. E o que era pureza se transformou em ingenuidade e ingenuidade em um mal a ser evitado. É engraçado, nas tribos, ser um “padre” é sinal de poder e qualquer um pode ser, desde que conte uma história mirabolante de como lhe aconteceu de se tornar um “vidente”. Com sua fértil imaginação e com a possibilidade de se tornar importante, rapidamente os mais espertos se colocam à disposição para curar os membros da tribo. E até em brancos eles fazem as rezas. Ganham sempre um presente por isso.
Espelho, espelhinho meu, não me tire a ingenuidade que pensar o mundo do lado avesso me deu. Guarde sempre esse índio idealizado dentro de mim. O doce guerreiro puro de maldade em combate incessante contra todo o mal da mentira imposta! Faça-se a chuva sobre a horta de quem planta dúvidas no solo onde a certeza absoluta é a verdade imposta! A cópia do mundo é nossa! O poder, dos espíritos. Um viva aos conceitos originais!

Terça, 16/07/2002

as vaias

Rios q correm subterraneamente pela alma dos parasitas q se enforcam.
lugares lúgubres por onde a faca afiada do insano é enfiada se abrem como conchas ensandecidas.
poções de terra afundando o coração da matéria cheirando cola
em um abismo constelar.
prisões do cometa dilacerado provocam erupções em sonhos gastos.
queiram todos se retirar do recinto senão EU PEIDO.

7 de mar. de 2006

PROCURA(VA)-SE EMPREGO













Dedico este texto a Franselmo, o Francisco Ancelmo, ambientalista matogrossense q suicidou-se em protesto à construção de uma usina de álcool no Pantanal.

A agropecuária, vcs sabem, é o futuro do país. Lula comemora resultado de pesquisa na praia, agradecendo aos céus, dando as costas ao Brasil. A revista exame mostra um novo-rico dono de estaleiro no amazonas, anunciando que a região é a que MAIS cresce no país. A revista Veja sataniza tudo o que ela é contra. Intolerante, suas opiniões são vendidas como verdades. Em nome da liberdade de imprensa, claro!

Estou procurando emprego. Quer dizer, estou precisando de grana para pagar as contas, de novo na lona. (e eu que quis ser, a vida toda, artista – só eu!). Lembro quando fui morar em São Paulo: sem saber fazer nada, sem diploma, um garoto inexperiente. Lembro q andava a esmo. E, se no trajeto tivesse uma livraria, eu parava e lia um pedaço de um livro do moacyr scliar, “a orelha de van Gogh”, eu acho. Em uma entrevista no RH de uma empresa perguntaram minha religião. Saí indignado de lá. Eu era rebelde, além de duro. E perdido, sem saber o q fazer na vida.
Agora estou aqui em londrina. Mandei um projeto para a secretaria de cultura, mas não foi aprovado. Exu veio no meu ouvido e falou: não foi aprovado pq vc fica pelado na rua, colocando máscara na cabeça de santa de bronze, na praça, questionando a construção de um teatro municipal para a cidade. Eis a questão! Meu currículo não serve de exemplo nesse mundo. Vou dizer o q? Q aumentei a venda de não sei q empresa? Q estou up to date com as estratégias do mercado? Q os efeitos da tecnologia são saudáveis? Q o extrativismo é o cara? Q sou a favor do progressismo? Não sou.

Andando na rua à toa, conversando com colegas, um, na roda, disse q o atual prefeito não fez nada pela cidade e reclamou da parte q é ofertada à cultura e disse q, se ao menos tivessem feitos obras na cidade, mas nem isso. E eu disse q eu preferia um governo corrupto a um governo obreiro. Sabe como é, né? Tenho alergia a pó! Não me sinto bem pisando em areia. Odeio o barulho de construção. E demais a mais, chega de arrancar da natureza o material para construir cidades. Pior. Para angariar votos. Para a manutenção de poder. Será q isso n muda? É assim desde os faraós, no Egípcio. Uma piramidezinha aqui, outra acolá e o povo suportando a escravidão!

Mas eu comecei falando de agropecuária e desenvolvimento da Amazônia e acabei indo para outro assunto. Ainda q uma coisa deságüe na outra: é a lógica do capitalismo aplicada a diferentes situações.
Por falar nisso, ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar, mas essa história não é minha, agora é a história do chico com a dupla zezé de camargo e luciano. Alguém me disse, e daí? E daí q o chico buarque abriu as pernas? Q o caetano morreu e n foi enterrado? Q o gil isso e aquilo? Q o lula, meu deus! O lula, vejam só, quem diria. O cara ateou fogo no próprio corpo e o Lula comemorando o resultado das pesquisas na praia, fazendo pose de feliz para os fotógrafos. Isso é q é vida! E daí? Sou retrucado de novo. E daí q todo mundo tem direito de fazer o q quiser nesta vida, mas sair da resistência à ditadura e cair nos braços do neoliberalismo me parece ser um péssimo exemplo. Se eu me faço entender!

Outro dia vi uma entrevista do Frei Betto dizendo q é um absurdo quem faz campanha pelo voto nulo, pq aí sim é q os picaretas vão tomar conta do poder, mas puta q pariu! a gente vota, vota e só dá picareta nessas plagas!

Esses discursos de progresso, desenvolvimento, produtividade são um cacete. Claro q na Amazônia dá para ganhar mais grana. Tem mais coisa para arrebentar lá, por enquanto. Daqui 10 anos, no máximo, acabou-se tudo. Mania q os economistas tem de quantificar a riqueza. Falar em nível de exportações. Posição econômica do país no ranking mundial não diz nada, quando toda a grana está concentrada na mão de pouquíssimos. Quando o peido do gado que entra no lugar onde antes era mata coloca mais poluente no ar, ainda.

Acho q eu deva estar querendo falar sobre sensibilidade e n estou conseguindo me expressar direito. Talvez seja isso. Mas o q isso tem a ver com neoliberalismo, lula, ambientalismo, boi, prédio, emprego? Logo eu q penso q, no Brasil, nem emprego precisava. Tanta terra e tão produtiva, digo, do que já foi desmatado. Tanta água. Tanto sol. Tantas belezas naturais.
Na cidade de onde eu vim, Bela Vista, um agricultor encontrou objetos estranhos enterrados no chão, enquanto arava a terra com seu trator. Seu filho, meu camarada, trouxe alguns desses objetos para eu ver: pedras polidas. Talvez ali debaixo daquela terra escondesse milênios de civilização. É só uma suposição. O q é certo é q o pai dele jamais iria parar seu serviço por causa daquelas coisas, lá. Imagina, então, parar o plantio do soja por causa de coisas primitivas! Jamais. Lembro de um grande empreiteiro dizendo q se achava mais importante do q os faraós egípcios porque as pirâmides não servem pra nada e as usinas hidroelétricas q ele construiu levava energia elétrica para milhões de pessoas. Lembro-me bem, também, de um mega empresário do cimento, querendo acabar com uma grande reserva ambiental, no estado de São Paulo, para construir uma usina para ele. Lembro q, quando eu saí de Bela Vista, quase um moleque, o clima era outro, melhor definido por estações. Não fazia tanto calor. Nem havia tanta miséria na região. Sei lá o q miséria e sensibilidade tem a ver?

Um amigo meu q se matou, o Carlão, um poeta, uma vez pediu para um carregador de papelão colocar no seu carrinho um cartaz q eu tinha feito, com o rosto do Oswald de Andrade, escrito embaixo AMOR/HUMOR, e o catador de papelão perguntou se aquele cara estava vivo ou morto, pq n queria carregar ninguém morto no seu carrinho, ao q meu amigo respondeu: poeta não morre. E o cara, então, deixou o Carlão colocar o cartaz no carrinho. E saiu com ele pelas ruas da cidade, fazendo propaganda de poesia. Poeta não morre. E ambientalista? Político eu sei q morre. Getúlio se matou, outros o tempo levou, embora recebam gordas aposentarias ainda hoje, ou seus descendentes.
Pensar no presente sem levar em consideração o futuro, a reputação, achando q o importante é se dar bem à custa alheia, ou da natureza, ou da história, pois assim o lucro é certo, me parece um ato de traição contra a espécie, com salvo conduto da mídia, q explora a miséria alheia, como na capa da revista em q aparece lá o novo rico, chamando todo mundo para plantar sua indústria na amazônia, com incentivo fiscal e tudo.

Mas acho q sensibilidade a gente pode medir em nível pessoal, mas não social. O q se pode medir em nível social é o grau de civilidade de um povo e do quanto são capazes, ou o quanto são corajosos para defenderem a própria sobrevivência. O resto é ignorância. E ignorância se combate com sabedoria. Pq só um idiota para ver q a competividade, a geração de lucros, etc. só deixa os outros e o mundo mais miserável. E, por outro lado, olha eu aí, ajeitando meu currículo, tirando meus atos rebeldes, aqueles os quais, justamente me orgulhava por mostrarem q eu não fazia parte desse sistema capitalista neoliberal podre. Mas não vai adiantar, eu sei. A idade não ajuda. A experiência em coisas práticas é nula. Depois q, de fato, sem se deixar prender por cabrestos, freios e rédeas, a gente acaba se tornando maldito, dizendo o q pensa, pior, pensando. E pensar faz a gente se sentir livre. E liberdade, uma vez q se acostuma, não tem volta atrás.

Li uma matéria (acho q no caderno MAIS da F.S.P. - 05/03) q fala do comunismo capitalista da china. Regido à mão de ferro para controlar os direitos trabalhistas e oferecendo subsídios, isenção de impostos e mão-de-obra barata para as multis se instalarem lá. Transformando uma cidadezinha portuária de 12 mil habitantes em uma megalópole de 10 milhões de pessoas, em menos de 15 anos. O resultado, além da geração de empregos e o progresso econômico imediato é a estafa ambiental, o descontrole sobre a violência, como pobreza, latrocínio e assassinato e a prostituição. Como sou contra o progresso (digo, progressismo), vou deixar esse negócio de montar currículo para arrumar emprego pra lá, até pq não vou contribuir uma palha para o desenvolvimento do nosso país, como o modelo q lula pretende implantar.

Ainda bem q nós levamos a sorte da incompetência. E quando penso nisso até agradeço aos céus por termos sido colonizados por portugueses e não ingleses, senão nem floresta amazônica tinha mais. E, também, pq assim eu me sinto mais brasileiro. Ou, como diria Oswald de Andrade: “somos a somatória de todos os erros”. É isso!

6 de mar. de 2006

pt: alguns tópicos











Pose para fotos: Lula de costas para o Brasil



1 - “Vestir-se de rato para comer o queijo” e ser pego na armadilha, transforma qualquer homem em rato, de qualquer forma. Embora o comum ainda seja a versão mais utilizada e almejada: um bando de ratos vestido de homens, dizendo-se, agora, indignados com a situação.
2 – Está na hora de questionar a cartilha maquiavélica onde está escrito que “os fins justificam os meios”, e que “a verdade deve ser escondida do povo”. Ou, pelo menos, lembrar-se, antes de rezar a cartilha, em fazer uma oração pelos que lutaram até o fim, para que os meios fossem possíveis.
3 – “fazer o bolo crescer para então dividi-lo” era uma das frases que Lula mais gostava de citar, para criticar a política econômica do ex-ministro da ditadura militar Delfim Netto. E, com este mesmo modelo econômico, governa.
4 – Como tratar os picaretas? Pagando-lhes “mensalão” para aprovar emendas supérfluas na constituição? Ou enquadrando-os? De qualquer modo, jamais votariam por reformas estruturais.
5 – Nunca se esquecer quer Hugo Chavez foi tratado como um palhaço quando aqui esteve na posse do Lula. E que a primeira viagem do nosso presidente aos EUA foi para beijar a mão de Bush, que havia mandado um funcionário subalterno para a posse do presidente do Brasil.
6 – Como já dizia, profeticamente, 18 anos atrás, Belchior, o bardo, na música Os Profissionais: “Onde anda o tipo afoito/ que em um nove meia oito/ queria tomar o poder?/ Hoje rei da vaselina/ só toma mesmo aspirina/ correu de carrão pra China/ e já não quer nem saber./”
7 – Ok, vamos admitir que a conquista do governo não é a conquista do poder. Mas em um primeiro momento Lula e o PT podiam contar com um apoio popular e, por mais precário que fosse, organizado, que nenhum outro presidente jamais teve no Brasil.
8 - Subir nas pesquisas à base de praticas assistencialistas não vai tirar o país do buraco.
9 - Não vai haver reforma agrária no governo Lula, porque Lula e o PT nascem, no ABC paulista, dentro do capitalismo industrial. Para eles, tudo não passa de uma questão de classes, onde caberia ao operariado tomar o poder.
10 - No caso de Lula, individualmente, ao unir-se ao PL para ganhar as eleições, essa equação foi amplamente resolvida. Capital e trabalho, agora juntos e de mãos dadas.


2 de mar. de 2006

boca quente










boca quente no reduto do chegado, assaltante mão armada, molecada na aventura do risco.

- pegamos um malote, 22 mil, 9 mil só em cheque. - ih, maluco, esqueçe. só se for pra passar na praça.
Meu, sufoco! oferta barata de câmera fotográfica roubada e eu fui lá ver. fria. também a manhã. aquela manha. O laranja, suposto amigo. interessado em fumo. dando a letra. o verbo. palavra. o outro, disfarçado de nada, esperando o mano: - vim ver uma fita de cd, com o mano aí. O mano, dormindo em casa. meio dia. começou me dar paura. - saco, não gosto disso! O cara da fita do cd brincando de bobo. e meu comparsa dando uma de esperto na parada. o cara do cd foi lá na casa do mano. - aí, véi, chama lá seu filho. fala que é o mário! o pai do mano foi. daqui a pouco o cara já tava la na frente do boteco com o carrão do véi dele. no que o chegado pulou na frente pra ver a tal camêra com o mano, o do cd já tinha batido a porta e colocado o cotovelo na janela. - já venho, falou o mano. e foram "ouvir" o cd. quando voltou, desinteressadíssimo pelo nosso caso, disse q tinha um tiozinho q passava mercadoria e a gente foi lá ver. se o crime não compensa, esperar é chato pra caralho!
e vamos ver o tal tio. queria vender uma máquina igual essas q a gente compra pela internet. o cara sabia até o preço dela na loja. vendia por um preço mais barato. mas faltava cabo, bateria, cartão de memória. só o trampo de ir lá ver, descompensava qualquer negócio. depois, comprar de ladrão por preço de paraguaio? meu pai não me ensinou a roubar. nem ser clichê. - dá teu preço, então!? rejeitei um quilo e meio de fumo nela, do jeito q tá aí. o carinha comprava pelo triplo do q vc tá me oferecendo. acabei trazendo fumo chutado e mal estar do caralho de ter ido naquele lugar onde aprendi q até para ladrão já tem mercado de trabalho. polícia pra lá e pra cá, mas ninguém sabe ninguém viu. de vez em quando um cai, aparece na televisão. esse lugar onde a fama transforma um presunto em celebridade! estavam por dentro do preço. traziam aparelhos q roda mp3, na cintura; tênis de marca; discutiam sobre o play station 2, q roda, grava e faz mais sei q; traziam o olhar curto do "se dar bem". a morte esperando-os no terreno baldio do bairro. de longe se vê a cidade. dei uma graninha pro cara q me levou lá. - não precisa! - tó aí! foda-se a camêra digital. tiozinho ainda passou cartão se oferecendo de pintor. mas chutou na carinha de fumo q acabei levando, no fim das contas.

caso perdido











caso perdido.

encontrado somente na memória de quem confiou na história escrita e ela perdeu-se.

o caso do roubo. e da patriatada.

e os caras na vila. vendendo um shopping center de produtos da hora. arriscando a vida por um bamba. quem for bam bam bam que me siga. e foi-se. Agora é.

Q diferença faz comprar, receptar coisa roubada ou contrabandeada? é crime do mesmo jeito.
Há uma industria de roubo pronta para atender uma demanda de receptadores cada vez maior.

Justiça com quem rouba. Mas justiça também com quem compra roubado. e a mais-valia n passa disso.
E todo mundo preso ao mesmo esquema. ao sistema. ao rouba lá da cá.
o station plus pára láics dá laiptospirose na ratoeira do ráigh ték. pernas pra q te quero?
e é melhor roubar pra si, do q comprar roubado. Ou roubar a mais do q n precisa. É vero. è sagrado isso. Roubar é uma arte!
Jardelina roubava a mando dos exus e guardava lâmpadas e sabonetes no baú ao lado das roupas rituais. Beijo roubado já deu muita música de amor. Senhor Krishna, no Mahabarahta, livro sagrado hindu, disse ser o maior dos ladrões. A história dos sex pistols começou quando eles roubaram o equipamento do David Bowie, que ia dar um show em Londres (confirma?).
Quem é q vai dar o exemplo? Aprender sobre isso foi deprimente. Nenhuma arte consegue suplantar. Mas é preciso ter identidade, meu chapa. E aí q eu quero ver o bom ladrão. o robin hood da malandragem. até porque o tráfico e a industria do roubo dá empregos, também. Não deixa de ser um projeto de ação social, de qualquer forma.
Quando a gente sabe q um desses políticos qualquer pega a grana do meu, do seu imposto, para meter no bolso, grana distribuída de montão, a gente vê a história de um pé-de-chinelo quase como um modelo a seguir. Tá certo que todos querem ser europeus, mas daqui a pouco vai ter gente indo no paraguay trabalhar de militar para os ianques.