30 de dez. de 2008

perdeu, preibói.

25 de dez. de 2008

artista nao morre

“Navegar é preciso/ viver nao é preciso”


Como vc quer morrer?

Eu não vou morrer. Artista não morre. O artista vive através de sua obra. E a obra resite ao tempo.

Não vou morrer porque também não vivo. Apenas estou em fluxo presente e contínuo, que não se prende, nem se esgota. Sem futuro. Sem passado.

Não morrerei porque um artista é o conjunto de todos os artistas, de todos os tempos, do além e aquém de mim. E a arte do artista é diálogo “entre o nem nascido e o já ido”. De séculos e linguagens.

Arte é uma espécie de inteligência sensível desenvolvida na alma, assim como se desenvolvem os músculos em corpos disciplinados no exercício. Aqui, “o exercício experimental da liberdade”, recusando-se à idéia de uma vida em oposicao à morte.

Morremos e renascemos todos os dias, indefinidamente. Nomeamos e ignoramos o que são as coisas, vivemos em perpétua alternância entre camadas diferentes, mas justaspostas, de nartureza e cultura. E é no vácuo que se instaura entre isso e aquilo, aqui e lá, que vive o artista. Que sonha o artista o mundo. E dele se desfaz, também, deixando ser o que se é, passagem, tempo, relações.

24 de dez. de 2008

foi solta

a pixadora está solta, mas continua aprontando as suas. Segundo o babalaô Etétuta, diretamente do Belém do Graum Pará, a mossa, mal saida da cadeia já foi flagrada em delito. Vejam o vídeo em:
http://www.youtube.com/watch?v=tpK-1kPYC4w

Deois desta nao haverá nem mais habeas corpus

quer mais? entaum vejam o que a menina faz com a última bola, parodiando o artista plástico Hélio Oiticica, inventor da bossa nova e das sapatilhas de plástico sensorias e coloridas da grandene:
http://www.youtube.com/watch?v=thRvt4o5E2Q

mas se você näo acredita, entäo dê um search no google...

18 de dez. de 2008

Pichação na Bienal desdobramentos

17/12/2008 - 17h30
Novo habeas corpus é negado à pichadora da Bienal e caso pode ir para Brasília
Rodrigo Bertolotto
Do UOL Notícias
Em São Paulo (SP)


O desembargador Fernando Matallo, da 14ª Câmara de Direito Criminal de São Paulo, negou nesta quarta-feira (17) novo pedido de habeas corpus para Caroline Pivetta da Mota, que foi presa por pichar uma parede na Bienal de Artes de São Paulo. Na sexta passada, ele já havia indeferido um primeiro pedido.


FORA E DENTRO


A defesa da pichadora está agora a cargo de um ex-auxiliar de Márcio Thomaz Bastos, ministro da Justiça durante a primeira gestão de Lula (2003-2006). O advogado Augusto de Arruda Botelho, que trabalhou quatro anos no escritório do ex-ministro, assumiu o caso, que passara antes por uma advogada contratada por um pichador amigo e depois ficou a cargo da Defensoria Pública.

Arruda Botelho aguarda até a tarde desta quinta para ver se será decretada a liberdade provisória da pichadora, que foi pedida pelos defensores públicos. Caso contrário, ele levará o caso para Brasília, tentando em instância superior o que a defesa não conseguiu até agora nos tribunais paulistas.

Mãe da detida, Rosemari Pivetta da Mota recebeu na última segunda-feira dois oferecimentos de ajuda. Ela optou por Arruda Botelho, que já ganhou visibilidade na mídia por defender Freud Godoy, ex-assessor da Presidência, no caso da suposta compra de dossiê sobre políticos do PSDB nas eleições de 2006.

A outra oferta de ajuda partiu do próprio ministro da Cultura. Juca Ferreira ligou pessoalmente para a mãe da detida e ofereceu auxílio jurídico. O contato foi feito após Rosemari mandar um e-mail para o ministério agradecendo as declarações favoráveis à liberação de sua filha. Ferreira ligara anteriormente para o governador paulista, José Serra, e também para o presidente da Fundação Bienal, Manoel Francisco Pires da Costa, solicitação uma interferência.

O ministro da Cultura classificou o caso como "um escândalo". Foi a primeira manifestação de um político sobre a prisão. Antes, artistas fizeram protestos no fechamento da mostra, promoveram um abaixo-assinado pela liberação e se pronunciaram na imprensa contra a detenção. Já pichadores amigos de Caroline se manifestaram pintando muros no centro de São Paulo e a fachada da casa do ex-prefeito Celso Pitta.

Outra manifestação política veio na segunda-feira com o ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo de Tarso Vannuchi. Ele comparou a situação da pichadora com o caso do banqueiro Daniel Dantas. "A jovem está presa há 50 dias por ter pichado uma sala da Bienal. Infelizmente, Daniel Dantas ficou preso por muito menos tempo", afirmou o ministro.

Por pintar uma parede branca no andar vazio da Bienal, Caroline está sendo processada por destruição do patrimônio cultural, que prevê pena de um a três anos, dos quais ela, mesmo sem julgamento, já cumpriu quase dois meses, afinal está detida desde 26 de outubro. Atualmente, Caroline encontra-se na Penitenciária Feminina Sant'Ana, no Carandiru, depois de ter passado três dias no 36º Distrito Policial, localizado no bairro do Paraíso. Ela já tinha passagem policial por envolvimento em outras detenções de pichadores.


E AQUI, A VISAO DE UM CAMARADA, ASLAN CABRAL (www.arteatual.blogspot.com):

Eu sei mesmo de uma coisa:
é que eu não acho uma coisa só sobre esse assunto, e que todos os comentários deixados têm sido um amontoado de "eu acho isso" "eu acho aquilo" mas ninguem pensa direitinho ou procura saber de nada.Só achar achar e achar!
Vocês já pensaram na poluição visual que existe na cidades onde vivemosPor acaso nos deparamos muito mais vezes mais a marca da NIKE, MACDONALD'S, COCA COLA, NIVEA, CARREFOUR, C&A ou qualquer outra marca registrada que não nos pertence(nem aos nossos vizinhos)??ou com pixações pela rua???Basta vc está lá na praia e :tic! um saquinho plástico com a marca do carrefour poluindo o mar(que polui consequentemente todo o planeta).Outro bom exemplo é a gente num dia de chuva ficar tooodo molhado, por não ter um abrigo dígno para esperar os onibus,enquanto o "backlight"(o lugar impecavelmente iluminado onde ficam as propagandas nos pontos de onibus) exibe dia e noite uma ensolarada propaganda de um produto que, embora seja essencial para sua saúde(protetor solar), continua sendo vendido à preço de COSMÉTICO!!Existem várias maneiras de marcar o mundo com a sua marca.E pelo que me parece, a pixação é uma das mais "isoladas" em pequenos grupos, e que pode ser convertida, diminuída, diferentemente interpretada, e ter seu responsável punido( caso seja necessário[e com uma punição que saiba como avaliar tal ato])
Existem milhares, bilhares, trilhares....uma infinidade de corporações por trás das marcas que não estão nem aí para o fato de estarem poluindo muros, paisagens, momentos e nossas vidas inteiras com seu marketing milionário.Isso sem entrar nas questões de experimentos trangênicos, radiotivos realizados em muitos destes produtos que ingerimos, vestimos, ouvimos várias vezes por dia e ainda acreditamos serem necessidade vitais para nosso corpo e organismo.
Gente!Num quero nem misturar as coisas e ficar falando que isso é arte ou não é!Mas isso é expressão.Se dentro das nossas normas,leis isso é crime para uma pessoa passar dois anos esperando julgamento dentro de uma cadeia"comendo frango frio!" como disse alguém aí!(quem come frango frio é vc, dentro de uma prisão as pessoas comem umas às outras) e a gente aprovar isso aprovam descaradamente isso, gostaria de lembrar-los que existem questões bem maiores precisando de sua atenção e revolta.
Lutem, declarem, usem seu tempo para fazer com que seja crime também para punição a poluição, desmatação, violência,esgotação do nosso planeta por interesses capitalistas, políticos!!Separem o lixo que é chega as nossas casas por todos os produtos de "extrema necessidade" que nos são apresentados diariamente nas tvs quando os apresentadores bonitos e simpáticos dizem:NÃO SAIA DAÍ!E na sequencia somos metralhados de necessidades vitais que já vem com marca, dosagem e embalagens legais.
A caroline fez a marca dela, os pixadores têm as deles, ao meu modo eu tenho a minha e penso bem no que esta representa.Por favor amigos, vamos pensar direitinho.Como vi um dia destes:Um cara que matou uma mulher, foi condenando a 6 anos de prisão!A mulher morreu, não volta nunca mais.Uma garota que pixou uma parede branca, que no fim da noite já estava branca novamente, ter que ficar até 2010 da cadeia.
Não é demais!?
Não podemos ficar nessa posição de "eu acho isso" "eu acho aquilo" mas como eu não sou diferente de vocês, apesar de analisar e acreditar em pontos bem diferentes para pedir justiça:
EU ACHO que vocês estão indo longe demais com essas opniões.

Pensem bem queridos amigos humanos.obrigado pela atenção

12 de dez. de 2008

Ouvi Contar Que Outrora

Ouvi contar que Outrora - Ode Ricardo Reis/Fernando pessoa


Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia
Tinha não sei qual guerra,
Quando a invasão ardia na cidade
E as mulheres gritavam,
Dois jogadores de xadrez jogavam
O seu jogo contínuo.

À sombra de ampla árvore fitavam
O tabuleiro antigo,
E, ao lado de cada um, esperando os seus
Momentos mais folgados,
Quando havia movido a pedra, e agora
Esperava o adversário.
Um púcaro com vinho refrescava
Sobriamente a sua sede.

Ardiam casas, saqueadas eram
As arcas e as paredes,
Violadas, as mulheres eram postas
Contra os muros caídos,
Traspassadas de lanças, as crianças
Eram sangue nas ruas...
Mas onde estavam, perto da cidade,
E longe do seu ruído,
Os jogadores de xadrez jogavam
O jogo de xadrez.

Inda que nas mensagens do ermo vento
Lhes viessem os gritos,
E, ao refletir, soubessem desde a alma
Que por certo as mulheres
E as tenras filhas violadas eram
Nessa distância próxima,
Inda que, no momento que o pensavam,
Uma sombra ligeira
Lhes passasse na fronte alheada e vaga,
Breve seus olhos calmos
Volviam sua atenta confiança
Ao tabuleiro velho.

Quando o rei de marfim está em perigo,
Que importa a carne e o osso
Das irmãs e das mães e das crianças?
Quando a torre não cobre
A retirada da rainha branca,
O saque pouco importa.
E quando a mão confiada leva o xeque
Ao rei do adversário,
Pouco pesa na alma que lá longe
Estejam morrendo filhos.

Mesmo que, de repente, sobre o muro
Surja a sanhuda face
Dum guerreiro invasor, e breve deva
Em sangue ali cair
O jogador solene de xadrez,
O momento antes desse
(É ainda dado ao cálculo dum lance
Pra a efeito horas depois)
É ainda entregue ao jogo predileto
Dos grandes indif'rentes.

Caiam cidades, sofram povos, cesse
A liberdade e a vida.
Os haveres tranqüilos e avitos
Ardem e que se arranquem,
Mas quando a guerra os jogos interrompa,
Esteja o rei sem xeque,
E o de marfim peão mais avançado
Pronto a comprar a torre.

Meus irmãos em amarmos Epicuro
E o entendermos mais
De acordo com nós-próprios que com ele,
Aprendamos na história
Dos calmos jogadores de xadrez
Como passar a vida.

Tudo o que é sério pouco nos importe,
O grave pouco pese,
O natural impulso dos instintos
Que ceda ao inútil gozo
(Sob a sombra tranqüila do arvoredo)
De jogar um bom jogo.

O que levamos desta vida inútil
Tanto vale se é
A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida,
Como se fosse apenas
A memória de um jogo bem jogado
E uma partida ganha
A um jogador melhor.

A glória pesa como um fardo rico,
A fama como a febre,
O amor cansa, porque é a sério e busca,
A ciência nunca encontra,
E a vida passa e dói porque o conhece...
O jogo do xadrez
Prende a alma toda, mas, perdido, pouco
Pesa, pois não é nada.

Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam,
Com um púcaro de vinho
Ao lado, e atentos só à inútil faina
Do jogo do xadrez
Mesmo que o jogo seja apenas sonho
E não haja parceiro,
Imitemos os persas desta história,
E, enquanto lá fora,
Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida
Chamam por nós, deixemos
Que em vão nos chamem, cada um de nós
Sob as sombras amigas
Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez
A sua indiferença.


__________________________
Renzo Martens



A prática de Renzo Martens busca investigar e provocar a imagem doutrinada das paródias apresentadas pela mídia ocidental.

Como um tipo de trovador, Martens se aventura em paisagens caóticas que nós, como consumidores da tragédia, parecemos estar familiarizados. Em verdade é nesta familiaridade que interessa a Martens. Metaforicamente ele se identifica como um exemplo da mentalidade ocidental doentia ao explicitamente colocar-se dentro das condições diretas transmitidas pela televisão. Episode 1, seu filme de estréia, é uma viagem através da paisagem de uma Chechênia oprimida e devastada. Percorrendo campos de refugiados, Martens reverte o papel do entrevistador, aquele que normalmente documenta os refugiados e funcionários da ONU em sua situação atual, em uma patética história de amor de um jovem, com o coração partido e desesperadamente necessitando de atenção.

Desta forma, é o próprio Martens que se torna objetificado ao invés das imagens tão familiares ao redor dele.

Estas entrevistas extremamente inapropriadas geram um forte sentimento de desconforto e exasperação. No entanto, é precisamente esta estranheza que torna seu comportamento irreverente e egocêntrico sincero. Martens simboliza a economia do consumo midiático ao mesmo tempo em que se torna uma entidade eclética e terapêutica.

Prosseguindo em sua jornada no mundo como um espectador do paraíso, Martens tem investigado a África, particularmente o Congo, em seu produto de exportação potencialmente mais lucrativo: imagens de pobreza. Episode 3 revela de uma forma direta e confrontante, mas ao mesmo tempo ingênua, as possibilidades do Congo explorar sua própria pobreza além de seus produtos conhecidos, como a borracha e o cacau. As chocantes imagens da tragédia local tipicamente são utilizadas pelo Ocidente como lucros beneficentes enquanto que no local nada de positivo acontece.

Martens tenta liberar os congoleses deste círculo vicioso apresentando-se como um “salvador” que educa os habitantes a se beneficiarem de sua própria pobreza. Este gesto utópico leva a uma expedição épica de verdadeira revelação, na qual Martens, como sempre, aparece como o núcleo de seu assunto.

exercicio experimental da liberdade

em homenagem a garota vegetariana pichadora presa por acao na 28 Bienal

agora.

os micos fazem festa la fora

leio uma ode de ricardo reis

tudo conspira

e essa estranheza passa a ser

tambem

familiar

alguem danca enquanto bombas sao lancadas

o iconoclasta acredita

na feh do adorador de imagens

mas esta nao se deixa visivel

por mais que as bombas

explodam

alguem ainda ve nisso

musica

e

apenas musica

embala o movimento dos dancarinos