16 de mai. de 2006

eu também vou protestar

É incrível. Enquanto os sojicultores tinham financiamento à vontade no Banco do Brasil e saíam de lá para comprar outras coisas que nada tinham a ver com o investimento na lavoura. Ou quando recebiam proagro em troca de molhar a mão dos fiscais do Banco estatal, o problema era que o dólar estava muito alto e não dava para comprar os insumos.
Agora que o dólar baixou, não dá para vender seus produtos. E a culpa é do governo.
As reinvindicações desse setor são as mais incríveis. Querem que suas dívidas sejam perdoadas e que o governo garanta um preço mínimo para a soja. Ora, como escreveu uma leitora do jornaldelondrina: é mais ou menos como um negociante que compra roupas esperando o inverno rigoroso e o frio não vem. E quer que o governo pague pelo prejuizo das roupas que não foram vendidas.
Não é só o fato de se tratar de agrobusiness. Mas de que esse movimento é liderado por latifundiários e monoculturistas que sempre se beneficiaram do dinheiro público e das políticas governamentais.

Só para lembrar, mais de 80 % da soja produzida aqui é exportada para Japão e Europa e servem para fazer ração para porcos e bois.
Só para não esquecer: para se produzir um quilo de carne é preciso de 8 quilos de soja. E o soja tem vantagens proteicas e vitamínicas sobre a carne.
Além disso, a área necessária para se obter em soja o que se obtém em carne é muito menor. Portanto, poderíamos ter mais alimentos em menoss espaços. O que poderia ser útil para a produção de mais alimentos, ainda.
Que as cidades estão inchadas e os campos vazios.
Que uma máquina faz o serviço de vários homens. Que o emprego gerado pelos produtos mecanizados são ínfimos. Que o dinheiro fica concentrado na mãos de poucos. E a terra, também. Que a população passa fome.
Que somos um país com uma enorme dívida social.
Quje deveríamos plantar o que pudéssemos comer.
Que não há soja no prato da mulher do sojicultor. Carne, há.
Que os preços dessa mercadoria são cotados internacionalmente.
Que a miséria vem da falta de distribuição de renda.
Que o crime está aumentando.
Que os criminosos estão organizados.
Que a classe média começa a falar em pena de morte.
Pena de morte para matar pobres.
Pobres que só se organizam quando estão ligados ao crime.
Porque querem ter uma caminhonete como a dos filhos dos bacanas que compram drogas deles.
Caminhonete financiada com dinheiro do proagro da soja. Dinheiro público.
Do meu, do seu imposto.

2 comentários:

Anônimo disse...

e quem tem consciência disso? 0,0001% dessa cambada de gente amedrontada...

Rubens Pileggi Sá disse...

vamos fazer um filme, então. vamos falar. vamos pôr a boca no trombone. o bloco na rua.