22 de out. de 2009

juntando peças do quebra cabeças neoliberal


http://pscandiru.blogspot.com/

Leia no blog acima crítica sobre o livro "Quem pagou a conta?" E, abaixo, meu comentário/reflexivo/histórico.





Alou, Candiru, muito bem posicionado seu blog. Passei aqui através de um reenvio de uma amiga, a Regina.
Sou do norte do Paraná e lá, em 1975, teve uma geada muito forte que queimou a plantação de café, que empregava muita gente no campo. Depois disso, com a desculpa da geada e com acusações ao Sindicato Rural dos Trabalhadores Rurais, tudo se transformou em plantação de soja e aconteceu um dos grandes êxodos da história da humanidade, até hoje pouco falado. e, menos, ainda, analisado.
As famílias foram mandadas embora para a cidade, que as recebiam com a promessa de casa popular para morar e emprego nas emergentes indústrias de Londrina e região.
Ganharam as fábricas de cimento; ganhou o setor imobiliarista, que agenciou os negócios, principalmente entre a periferia e o centro da cidade, por onde passaram as infra-estruturas, como asfalto, luz, água encanada, etc.; ganharam as empresas com negócios multinacionais para instalar industrias na região, ganharam os grandes fazendeiros exportando soja e comprando terras de quem não podia investir em maquinários e agrotóxico; ganharam, mais uma vez, os fazendeiros, com facilidades de financiamento de produção e, depois, requisitando - e conseguindo - pró-agro (perdão de dívidas por baixa produtividade na safra)para gastar onde quisessem.
Claro, ganhou os EUA (não vamos dizer americanos, pois isso é assumir o discursos imperialista. Americanos somos todos nós, da América)vendendo implementos, agrotóxicos, fertilizantes e comprando a safra, com preço baseado na bolsa de Chicago.
Sairam os militares, truculentos, ruins de negócio, entraram os neoliberais, primeiro do mdb, depois do pmdb, que ainda fundamentavam sua prática em discursos sociais e progressista (a venda da ilusão do ufanismo desenvolvimentista continua até hoje, tristemente).
Bem, aqueles ex-empregados da lavoura, enganados com a promessa de felicidade na cidade, que sempre foram tratados como escravos, sem direito à carteira assinada, por exemplo, viraram, em sua maioria, favelados. Londrina é uma das cidades mais violentas do país, em relação ao número de habitantes.
Tanto os grandes fazendeiros, quanto aqueles que venderam suas terras e estavam com algum dinheiro no bolso, quanto os que não tinham nada, acabaram indo para outra "terra virgem", fazer o que tinha de ser feito: devastar. E, assim, o Mato Grosso foi invadido pelos norte-paranaenses (não só estes), oferecendo riqueza extrativista e, depois, dá-lhe boi, dá-lhe soja.
Juntando o quebra-cabeça, veja você: Fernando Henrique fundando o CEPRAP, com dinheiro da Fundação Ford. 1975, a tal da geada "negra". E, depois, o Consenso de Washington. Tudo armado para 2 mandatos de FHC, para realizar a privatização do Estado.
O norte do Paraná virou um deserto de soja e não há mais árvores, pássaros e águas limpas que possam ser vistas, olhando aquele solo liso como uma mesa, coberto de terra roxa.
Conhecer os mecanismos que engrendam o poder talvez nos auxilie a desmontá-lo, também, e recolocar, em seu lugar, um outro ponto de vista que seja agregadopr de forças para nós possamos construir, de fato, não só a nossa real independência, mas um futuro de justiça social com preservação ambiental.

Um comentário:

duda disse...

Descobrindo a pólvora ... (isso foi o Nobel) é óbvio que o exôdo rural devido ao agro business - indústria fez aumentar as cidades em termos populacionais e de violência devido a total falta de planejamento-politica.

Agora eu te pergunto, pode responder para meu email: dudavalle@hotmail.com ou lah no facebook .

Entre a cidade e o campo aonde você habitaria ou já habita ?

A cidade com todos os seus problemas ainda parece ser interessante pois é constituída de milhares de seres humanos.