5 de set. de 2006

Lei de Incentivo Cultural

Sobre o edital que acabou de sair de patrocínio cultural promovido pela secretaria de cultura, penso da seguinte forma:
A secretaria deveria assumir que tem interesses estratégicos em certos projetos e bancá-los, porque colocam um valor x em jogo, mas parte deste dinheiro tem ido, desde os primeiros editais, para os mesmo projetos.
Isso faz parecer engodo para quem não recebe o incentivo. E, para quem continua recebendo, é até um desrespeito, porque corre riscos de não ter seu projeto aprovado, em todo caso. Assim, não podem pensar a longo prazo suas estratégias. Tendo de re-escrever, mais ou menos, o mesmo texto toda vez, fazendo suas previsões orçamentárias para o tempo em que o projeto estiver sendo patrocinado, que é um período sazonal. E não como parte de uma política de investimento sólido, estruturada.
Outra coisa. A secretaria deveria chamar os autores dos projetos não aprovados – pelo menos os que considerassem mais importantes para a política deles – e criar parcerias de instrumentalização e apoio para encontrar meios de executá-los, seja em sua forma total, parcial, ou adequada à realidade contextual. Devolver, simplesmente, o projeto, só com o parecer da Comissão de Análises de Projetos gera um clima de disputa e um sentimento de exclusão que não deveria existir em se tratando da área de cultura.
Quanto ao resultado prático dos projetos chamados de “cultura popular”, me assusta quando eu vou ao teatro e sou obrigado a ouvir na fila de entrada um rapper oficial cantando, desafiador, ao microfone que “com a nokia não tem patifaria”. Ou que a moral de um livro patrocinado pela lei municipal, contando as experiências de vida de um garoto que viveu na periferia e foi salvo pelo hip-hop e pelos projetos sociais do pt, é de que agora ele passou a “ver o mundo sem muito preconceito contra a elite”, que “se eles tinham era porque lutaram”. Humpft!

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