12 de mar. de 2010

O pré-sal é do Brasil

VERBO 2010
O pré-sal é do Brasil. E não era esperado por ninguém até dois ou três anos atrás. E deveria servir para trazer mais união aos brasileiros. Mas virou motivo de disputas ferozes. Disputas territoriais, apenas, não de projetos políticos. Vejo as notícias que dizem que o Rio de Janeiro perdeu entre 50 e 70 bilhões de dólares e que o Estado vai à bancarrota por conta disso. Como ele pode ter perdido se ele nunca teve o dinheiro de algo que nem foi negociado ainda? Por que a bacia de Campos não rendeu o suficiente para todo o Estado sair da miséria, financiar habitações, garantir alimento ao povo fluminense, mas colocou dois governadores no poder, Rosinha e Garotinho? Dois, não, três, pois esses ex-governadores apoiaram a eleição do atual governador. Mas cadê que isso se transformou em distribuição de renda? E nem em educação, cujos salários são ridículos. Menos, ainda, em transporte, uma vez que o metrô e as barcas foram privatizadas. Aliás, Cabral, que agora chora, sorriu na privatização do Banerj e quer sorrir também na privatização do Maracanã e do Galeão, talvez acreditando em um modelo onde a concentração de renda nas mãos de menos pessoas seja mais vantajosa para a população. Talvez acredite, de fato, que a corrupção na política seja crônica e impossível de controlar. Tem experiência para saber disso.
O que me parece injusto não é que todos estados partilhem da riqueza, mas que não tenham feito, até agora, um planejamento sobre onde aplicar esse dinheiro, como ele será distribuído. Gastança para a Copa e as Olimpíadas? Sejamos sinceros, isso não modifica nada as estruturas de poder, isso não cria, em si, partilhas, ao contrário, normalmente gera a gentrificação e o abuso de poder. A Petrobrás, por acaso é de um estado, somente? E assim deve ser com a mineração e tudo o mais que vier do extrativismo nesse país. Tenho o maior amor pelo Rio de Janeriro, mas acho que se o debate cai para o bairrismo, então, perdemos todos. E o que era para agregar acaba expondo nossa própria capacidade de compartilhar.

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