O DIA EM QUE UM LÍDER DE ESQUERDA RESPONDEU A UM MILITANTE DA ULTRA-ESQUERDA Entenda o caso: Pablo Iglesias, líder do movimento espanhol PODEMOS, responde a uma pergunta de um militante ortodoxo.Assista e compartilhe
Publicado por Nossa Época em Segunda, 4 de janeiro de 2016
9 de jan. de 2016
o dia em que um militante de esquerda...
16 de ago. de 2012
O pac 'tucano' do pt
Ontem foi
anunciado com estardalhaço plano de concessões para a construção
e manutenção de rodovias e estradas de ferro no país, com direito
à aclamação por Arnaldo Jabor, no Jornal da Noite, na Globo, e
protestos enciumados de tucanos dizendo que eles já tinham isso
definido desde o governo Fernando Henrique, mas que, para não dar o
braço a torcer, o PT chama de concessões o que era denunciado como
privatização. (Sh)Eike Batista chegou a dizer que o plano da
presidência era o “kit felicidade”. Concordo plenamente. Com 80%
do investimento financiado pelo BNDES fica fácil ser capitalista.
O que o
governo pede, no entanto, para que uma empresa vença a concorrência,
é que os preços das tarifas cobradas ao consumidor dos serviços
prestados sejam os menores. Não li a fundo as notícias, nem li o
plano que a golpista VEJA já anunciava, desde a última edição, em
sua capa, como “o choque de capitalismo de Dilma”, mas não posso
deixar de pensar que, se essa é a contrapartida exigida,
realmente, o modelo neoliberal é que está em vigor.
Voltando à
notícia veiculada pela TV, o que o JN se esforçava em mostrar era a
presidenta Dilma anunciando, para um seleto grupo de empresários, o
novo “PAC da infra-estrutura”. Todavia, como a TV Globo não
podia borrar com efeito eletrônico a propaganda governamental ao
fundo da presidenta, lá estava escrito: “país rico é país sem
pobreza”. Então, por mais neoliberal que seja o tal pacote da
infra-estrutura, alguma coisa trai essa atitude “tucana” do
governo federal, pelo menos no slogan. E confiando que esse slogan
ainda quer dizer alguma coisa para este governo, podemos refletir
se o desejo (no slogan, ao menos) de justiça social vai contra ou a
favor do progressista e desenvolvimentista pacote anunciado ontem. E
em que medida ele torna a população brasileira menos pobre.
Seria de
se perguntar, então, se o tal PAC da infra-estrutura prevê, como
contrapartida, que se invista em projetos de impactos ambientais. Mas
esse projeto de impacto ambiental não deve ser apenas aquele da
“energia limpa”, mas o de sustentabilidade energética. Porque
não adianta nada fazer uma obra ecologicamente correta –
localmente – e devastadora, no que tange ao uso de energia não
sustentável, por exemplo. Indo diretamente ao assunto: de que
adianta uma “obra limpa” se, para que ela se realize é preciso
criar usinas como a de Belo Monte? O que governos e empresários têm
a dizer sobre isso? Aqui surge uma outra pergunta? Ao passar –
contaminar, seja por proximidade, seja por uso do terreno – como
isso será resolvido? Deslocando as comunidades sem consultá-las?
Do ponto
de vista social, digamos que o empreendimento gere 100 mil novos
empregos? O que representa isso em termos de população nacional? Um
critério, além do preço que o consumidor irá pagar ao serviços
prestados não deveria ser o salário que o empregador vai garantir
aos seus empregados? Mais que isso, não era hora de garantir uma
porcentagem do lucro para cooperativas de trabalhadores, com direito
a voz e voto no empreendimento? Além disso, não se faz um país sem
pobreza com gente mal instruída. Assim, seria de se perguntar se o
governo tem um plano para o ensino e educação com o dinheiro dessas
concessões. Quanto pretende investir em esporte, cultura, arte e
saúde com essa verba e como vai fazer para que essa verba seja bem
distribuída? Senão, fica o progressismo pelo progressismo, e isso
será mais uma medida que, além de pífia e neoliberal, será mais
um ataque ao meio ambiente e uma traição ao slogan do governo
Dilma.
26 de jul. de 2011
23 de jul. de 2011
O Infinito Labirinto ou a Balada Alienada
Carlos Zago
Um ex-agente no Cáucaso me contou
um estória sobre umas flores que
ele roubou de um traficante de ópio
na Birmânia e me deu quatro pétalas pra
mascar dizendo que eu nunca mais
ia voltar do país dos sonhos
pensei que ele estava tristonho
quando disse-me sorrindo
que sua hora estava chegando
e que por isso ele iria partindo
em dois as mentes que pelo
caminho fosse encontrando
agradeci sem mais delongas
e ascendo para algum canto
que não sei bem se era um quarto
ou um antro
masquei três pétalas estranhas
daquela flor das montanhas que
supus ser papoula da Birmânia
apesar de nunca ter visto antes
as pétalas de papoula
agora já faz tempo eu sei que
descobri que não se tratava
do rubi oriental era uma outra
flor instrumental
que só conhecem alguns monges
do Nepal que a bebem em
um magnífico ritual onde os
iniciados buscam
entrar em um transe
transcendental
do qual nunca mais voltam
ao normal
nada disso eu sabia naquele
instante em que comia
que muitas eras depois eu
descobriria de onde foi que
minha alma descendia e por
quais caminhos meu carma
me levaria para alcançar
essa estranha sobrenatural
sabedoria
tirei os sapatos fumei um
cigarro e apaguei a luz
e mal deitei na cama,
desapareceu o quarto
e me vi deitado sobre o cume
de uma montanha
mil vezes mais alta que a
mais alta das montanhas do
Himalaia cercada por um
oceano mais vasto que qualquer
um já visto ou imaginado pela
quis levantar e dar um grito
mas só consegui dar um
suspiro estava eu deitado
sobre o infinito? não sei
alguns segundos se passaram
ou foram os milênios que cantaram
enquanto abri e fechei os olhos
de uma lágrima que chorei
vi surgir um ser que jamais imaginei
em minha vida até então ser capaz
de conceber não há palavras para
dizer não há como descrever
era um Avatar a plena Luz do Ser
e tive medo e alegria sobre aquilo
que eu poderia chamar de sua cabeça
milhares de estrelas dançavam
em um céu que ao mesmo tempo
que se criava se desfazia
fechei de novo os olhos e
me tornei um com aquele ser
e ouvi então ressoar pot todo ar
e além do vácuo uma canção
muito muito delicada
como fosse cantada por todas
as vozes das crianças
de todas as épocas e lugares
da eternidade, era um canção
reveladora só uma sílaba
motriz e geradora
multiplicando-se livre
em infinitos tons e vibrações
nela pude ouvir a síntese viva
de cada um dos sons da criação
OM
em um mesmo instante que também
já era outro me vi deixando a idéia
de que eu tinha ainda corpo ou que fosse
sequer uma pessoa foi quando como
um sino que soa atravessei todos
os templos erigidos por todos os seres
que os erigiram e percebi que cada um desses
seres era um próprio templo em si
e perguntei ao tempo ao espaço e a matéria:
---- O que é o tempo o espaço e a matéria?
imediatamente a resposta se formou
você, a montanha e o oceano
cada um dos grãos de areia da montanha
é outra montanha e cada uma das gotículas
do oceano é um outro oceano a montanha
e o oceano bailam, nesse bailado o oceano
em seu movimento vai decompondo a montanha
que é imóvel e que vai aderindo
ao oceano, chegará um momento em que toda
a montanha irá se dissolver acabando assim
com o movimento do oceano e com sua
própria imobilidade
nesse exato momento
começará
O Tempo
a partir daí o que haverá entre cada grão de
areia da montanha dissolvida a cada gotícula
do oceano será chamado de Espaço e Matéria
será todo o possível movimento realizado no
tempo por esse espaço imóvel
gargalhei imediatamente e de dentro de minha
boca surgiram duas flores uma azul mas de um
azul que era também tátil, gustativo e olfativo e
outra branca de um branco com todas as propriedades
da azul, a Flor branca disse para a azul por uma
boca que parecia a minha " Oceano " enquanto a
Flor azul dizia para a branca " Montanha" depois
disso a luz do quarto se acendeu e eu estava
novamente sobre a cama
Olhei entorno preocupado eu havia dormido
eu havia sonhado? Quem havia acendido
a luz do quarto? Na parede um grande quadro nele
pintado um quarto onde no lugar onde estaria
a minha cama
havia um vaso com duas flores não vou lhes
dizer as cores, mas para o horror dos horrores
na parede do quarto do quadro haviam outro
quadro de um quarto onde no lugar onde
estaria a minha cama havia um vaso
com duas flores não vou lhes dizer as cores,
mas para o horror dos horrores descobri
que não era um quadro era um espelho
que refletia as flores que eu havia me tornado
OM
Carlos Zago (1976-2003)
e aqui o texto que escrevi sobre o Carlão, em 2003
http://www.canalcontemporaneo.art.br/arteemcirculacao/archives/000094.html
16 de jul. de 2011
papo com Jacq siano no facebook - sucesso e grana e crítica de arte
oi rubens, tudo bem?
Denunciar · 11:52
oi, querida, tudo certo. e vc?
Denunciar · 11:53
pois é, no dia de seu finissage, tive uma distensão de ligamentos numa dessas calçadas da vida e fiquei de molho com bota ortopédica
como moro num prédio sem elevador, saio pouquíssimo
Denunciar · 11:53
caramba... está melhor agora?
recebi seu convite. é na semana que vem, né?
Denunciar · 11:54
ainda de bota, mas bem melhor. o troço pesa pra caramba!
sim. quero saber como foi sua expo.
Denunciar · 11:55
ainda não postei as falas nem as fotos da finissage, mas as outras coisas estão no blog http://figurinhasnowhereman.blogspot.com
Denunciar · 11:56
vou espiar
Denunciar · 11:56
saiu uma página no EXTRA muito legal. o link é esse aqui: http://extra.globo.com/noticias/rio/artista-paranaense-conta-historias-de-moradores-de-rua-em-album-de-figurinhas-2031645.html
e mais uma página inteira no jornal BRASIL DE FATO, que é de pouca circulação, mas é nacional
Denunciar · 11:57
do extra acho que vi, mas vou olhar novamente - fiquei feliz por vc
Denunciar · 11:58
vc ficou savbendo do trabalho que realizei em um apartamento no evento CONTRABANDO, no Flamengo?
Denunciar · 11:58
não me lembro
Denunciar · 12:01
então, nessa linha de exclusão e mobilidade social... chama-se X. Levei um morador de rua para ser acolhido lá no apartamento durante os dias do evento. ele poderia ficar quando e quanto quisesse. Fiz uma cama de papelão e cobertor para ele ter como lugar seu (embora a casa toda lhe devesse estar livre) e essa cama ficava bem debaixo da janela que tinha a melhor vista da paisagem (dava para o pão de açucar). Foi impactante!
Denunciar · 12:02
imagino que sim.
Denunciar · 12:04
Vi suas serigrafias lá em Santa, durante o ortas abertas.
portas
Denunciar · 12:04
a sim, fiz algumas sobre papel jornal pra expo do dia 22
Denunciar · 12:05
uau, ia destacar que as tinha achado muito limpas...
Denunciar · 12:07
pois é, ali era outra situação, outro ambiente, talvez rolasse uma vendinha, hehe
Denunciar · 12:07
vender arte é tudo de bom
Denunciar · 12:08
só não pode é trabalhar pra isso.
vc sabe, eu nunca vendi trabalho algum
nem sei como isso funciona
Denunciar · 12:09
acho que com arte, até traballhar para isso pode, veja o caso da pop...
Denunciar · 12:09
hummm
Denunciar · 12:09
recebi muita crítica de meu trabalho
fiquei até assustado
Denunciar · 12:10
tipo
Denunciar · 12:10
gente dizendo que estava me promovendo com a imagem dos miseráveis
ou que era literal demais
Denunciar · 12:10
sabia... neginho é que é mto literal
Denunciar · 12:10
até da baixa qualidade das imagens vieram reclamar
o cara veio me ddizer que o professor de pintura dele tinha ensinado que não se pode pintar um porco porcamente
é como vc disse, o neoliberalismo está no gene das pessoas. Para eles só tem o sistema e tudo deve estar sujeito ao Capital.
Enfim, papo longo hehehe
Foi disso que se tratou a conversa na sexta
no encerramento da exposiçao lá no }}
e, só para voltar ao papo do $$$$$
Denunciar · 12:13
to cansada desses discursinhos
Denunciar · 12:13
e da FFFFFAMA
coloquei conceitualmente minha questão (depois vou fazer algumas reflexões por escrito) e disse que achava legítimo querer me promover
ter suce$$o, por que não?
vou te ccontar uma ccoisa
quando eu sai na primeira vez da universidade, saí porque não queria conviver com aquela mediocridade
quando voltei para escola eu pensei: não saio daqui para deixar os meddíocres ficarem no meu lugar, nunca mais
e é assim que eu penso sobre arte, também. Por um lado tem a arte e os artistas, e os artistas não têm, com sua arte, que consertar o mundo
Denunciar · 12:17
é isso, não pode dar espaço para esse pessoal, eles proliferam invadem e tomam conta
Denunciar · 12:18
do outro lado a gente tem de lutar, civilmente, pela organização da sociedade civil e pelo fortalecimento das instituições
li uma frase ddo Lobão agora que achei muito certa
Denunciar · 12:19
vou te mandar um link de um doc. feito sobre os "piratas" da somália.
Denunciar · 12:20
depois que ele saiu da cadeia, em 89, disse que os verdadeiros criminosos não eram os ladrões, traficantes e assassinos que estavam lá, com ele
que ccriminosos eram aqueles que permitiam que a sociedade se tornasse um organismo doente
Denunciar · 12:21
é disso que o doc fala. vc vai gostar.
Denunciar · 12:22
pensei que a frase do Lobão, atualizava a frase Beuys, que disse que a arte deveria curar a sociedade, que estava doente
Denunciar · 12:23
pois vc acredita que tem gente que fica ironizando o beyus, dizendo que ele era um aproveitador?
enviei o link, vê se chegou
Denunciar · 12:28
chegou sim. grato, vou ler.
Denunciar · 12:28
ok. bj. te espero nasexta
Denunciar · 12:29
beijão , boa recuperação, Jacq. Grato pela oportunidade do papo
Denunciar · 12:29
sim, tb gostei mto.
suce$$o pq viver é preciso e tem seus custo tb.
custos,:)
27 de fev. de 2011
QUAL É A SUA PRAIA?
Talvez você já tenha recebido, via email, aquele pps (power point) sobre o despejo de dejetos na praia de Ipanema e Copacabana – e, por extensão, de todo o litoral nacional – que vem circulando na internet, pelo menos, há uns 3 ou 4 meses. Bem, ele fala dos emissários submarinos que levam todo o esgoto sem tratamento para meio do mar e sobre o fato de estarmos nadando no meio, literalmente, da merda. Recebo esses emails e fico me perguntando como eu, nos limites da minha condição pessoal e cidadão com deveres e direitos, posso fazer para mudar essa situação.
Venho pensando em uma forma de criar uma pressão para que se faça uma ou mais usinas de tratamento de esgoto em Copacabana e Ipanema, filtrando o composto orgânico, para transformá-lo em adubo, em esterco. E, além disso, na possibilidade de separar o lixo, reciclando-o, devolvendo-o à produção, mas nem coleta seletiva de lixo tem nesses dois bairros. Lá, hein?, onde o metro quadrado é dos mais caros não só do Brasil, mas do mundo. Um local com um monte de restaurante, lanchonete, prédio, carro, gente... e a praia, bem, depois das 6 horas da tarde fica simplesmente nojenta. Esse pps que falei no começo faz a denúncia disso, mas eu não sei, se o Sheik Batista não tiver uma solução onde ele possa ver ali um real ganho de grana, não sei se a gente tem força para pressionar o poder público para que se abra uma campanha pela limpeza de nossas praias.
Eu venho pensando que o Brasil precisa de se espelhar no que vem acontecendo agora nos países árabes, para derrubar nossas pequenas ditaduras, quero dizer, aquele poder que está cronicamente encastelado em algumas instituições e que precisa ser removido de lá, pelo bem da justiça, pelo bem do ambiente, pelo bem psicológico da nação. Dias atrás, vi duas matérias que me estarreceram. A primeira foi com um casal que quebrou uma agência do INSS, no sul. Eles não suportaram mais esperar para serem atendidos e criaram a confusão. Entrevistando o diretor do INSS local, a TV o mostrou dizendo que há muitos casos iguais ao do casal, mas, se todos fossem agir da maneira como agiram, o que iria acontecer? Para mim é líquido e certo. Tem é que tirar esse cara do comando do INSS. Ele é um incompetente. E ponto. Como é que ele justifica assim as lesões ao direito do contribuinte?
Outra matéria foi que o juiz do STJ, Marco Aurélio, não levou adiante a punição a um outro juiz de MG que declarou, em uma sentença de briga de casal, que a lei Maria da Penha era "diabólica" e "que o mundo é masculino e assim deve permanecer". A alegação de Marco Aurélio é de que o juiz, hoje em dia, não é considerado alguém mais neutro diante dos debates sociais e que pode, sim, expressar suas opiniões. Meu deus! A expressão da diferença deve ser conservada dentro do estabelecimento de normas que se ajustem ao comum. É só ler Rancière com um mínimo de cuidado. Esse comum não quer dizer que se o sujeito quiser matar o outro em nome do livre arbítrio, isso ele pode fazê-lo. Ainda mais se tratando de um juiz diante de uma lei estabelecida. E a lei Maria da Penha condena a violência contra as mulheres. E, principalmente um juiz que estiver contra isso e dando sentenças que são frontalmente contra essa lei, está, sim, cometendo um crime e deve ser punido. Ora, ele não está em um boteco, em situação privada, falando aos amigos que pensam como ele! O problema não é o juiz ter opinião própria, o problema é não levar em consideração a idéia do comum.
Normalmente eu sou um cara estourado, mas eu venho comendo sapo e mais sapo de motoristas que ultrapassam o sinal vermelho, de gente que joga o lixo na rua, de pessoas grossas e estúpidas sem a menor educação e consideração pelo outro, vizinhos adestrando cães aos berros na frente de minha janela, do mau atendimento crônico por parte de cobradores, taxístas, policiais, servidores públicos e privados e garçons da cidade que, ou eu viro Zen de vez ou eu vou ficar estúpido como eles. À massa lhes é dada música repetitiva e barulhenta, TV de canal aberto de baixíssimo repertório e um jornal de direita, positivista, progressista e moralista. É essa a paisagem que a gente tem de enfrentar.
Não é que o casal que quebrou a agência do INSS esteja certo. E eu nem sei quem foi e por que veio à tona a lei Maria da Penha no processo da mulher com seu (ex?) companheiro. Mas eu acredito que é preciso ter sensibilidade o suficiente para garantir o direito do fraco sobre o forte, inclusive, nos moldes colocados pelo novo juiz do STJ, Luiz Fux, durante a sabatina de sua posse, no Senado, que eu assisti pela TV Senado. A instituição deve acolher, e não isolar ainda mais o fraco que se volta contra a força opressora da lei.
Quanto a mim, só posso agir assim, também, pelo menos enquanto me sinto lúcido e parte de um sistema institucional. Mesmo que a sociedade seja, aos olhos dela mesma, apenas uma massa de manobra de Sheiks e políticos progressistas (no sentido positivista de ordem e progresso) de todos os matizes. Agir contra a paisagem, mas contra, colocando-a de fundo para as minhas figurações, não a negando, porque assim seria anular minha condição institucional. Minha identidade de cidadão, tornando-me "o garçom de costeleta do sistema da babilônia", como já disse o Oswald de Andrade sobre a sociedade de sua época.
Odeio nadar sabendo que tem merda na praia que eu frequento, mas, por sorte do destino, aprendi a ser menos duro e rígido também, comigo. E para não ser o chato ecológico que fuma escondido, o religioso perverso, o buda alienado, o comunista autoritário e nem o ativista impotente que se deixa capturar por mecanismos de poder, sem se aperceber dessa ocorrência, eu tenho sido, assim, uma espécie de ermitão, de eremita, mantendo ao máximo possível a austeridade. Até porque sempre fui pobre. Até porque sempre quis que a arte se fundisse à minha vida e, de alguma forma amalgamada, esse estado pudesse me completar em todos os sentidos: físicos, materiais e espirituais.
Acho que é uma questão de educação, acho que é uma questão de política pública, acho que é uma questão pessoal, mas acho, também, que devemos nos organizar coletivamente para questões pontuais, fazer nossas ações se voltarem para a paisagem real, a que se esfrega em nossa carne, em nossos ossos, em nosso olhos. Pelo direito à cidadania e contra os poderes de exceção, porque esses, com a força dos aparatos de poder, apenas cultivam o desenvolvimento das exclusões. Contra naquele sentido descrito acima, porque, assim, não é na sucessão dos acontecimentos que desenvolvemos nossas estratégias - que podem ser, inclusive, a de permanecer inativo - mas na própria simultaneidade entre o que sou eu e o que me representa. Isso, finalmente, não tira a merda da praia, mas evita que eu me confunda com ela.
Venho pensando em uma forma de criar uma pressão para que se faça uma ou mais usinas de tratamento de esgoto em Copacabana e Ipanema, filtrando o composto orgânico, para transformá-lo em adubo, em esterco. E, além disso, na possibilidade de separar o lixo, reciclando-o, devolvendo-o à produção, mas nem coleta seletiva de lixo tem nesses dois bairros. Lá, hein?, onde o metro quadrado é dos mais caros não só do Brasil, mas do mundo. Um local com um monte de restaurante, lanchonete, prédio, carro, gente... e a praia, bem, depois das 6 horas da tarde fica simplesmente nojenta. Esse pps que falei no começo faz a denúncia disso, mas eu não sei, se o Sheik Batista não tiver uma solução onde ele possa ver ali um real ganho de grana, não sei se a gente tem força para pressionar o poder público para que se abra uma campanha pela limpeza de nossas praias.
Eu venho pensando que o Brasil precisa de se espelhar no que vem acontecendo agora nos países árabes, para derrubar nossas pequenas ditaduras, quero dizer, aquele poder que está cronicamente encastelado em algumas instituições e que precisa ser removido de lá, pelo bem da justiça, pelo bem do ambiente, pelo bem psicológico da nação. Dias atrás, vi duas matérias que me estarreceram. A primeira foi com um casal que quebrou uma agência do INSS, no sul. Eles não suportaram mais esperar para serem atendidos e criaram a confusão. Entrevistando o diretor do INSS local, a TV o mostrou dizendo que há muitos casos iguais ao do casal, mas, se todos fossem agir da maneira como agiram, o que iria acontecer? Para mim é líquido e certo. Tem é que tirar esse cara do comando do INSS. Ele é um incompetente. E ponto. Como é que ele justifica assim as lesões ao direito do contribuinte?
Outra matéria foi que o juiz do STJ, Marco Aurélio, não levou adiante a punição a um outro juiz de MG que declarou, em uma sentença de briga de casal, que a lei Maria da Penha era "diabólica" e "que o mundo é masculino e assim deve permanecer". A alegação de Marco Aurélio é de que o juiz, hoje em dia, não é considerado alguém mais neutro diante dos debates sociais e que pode, sim, expressar suas opiniões. Meu deus! A expressão da diferença deve ser conservada dentro do estabelecimento de normas que se ajustem ao comum. É só ler Rancière com um mínimo de cuidado. Esse comum não quer dizer que se o sujeito quiser matar o outro em nome do livre arbítrio, isso ele pode fazê-lo. Ainda mais se tratando de um juiz diante de uma lei estabelecida. E a lei Maria da Penha condena a violência contra as mulheres. E, principalmente um juiz que estiver contra isso e dando sentenças que são frontalmente contra essa lei, está, sim, cometendo um crime e deve ser punido. Ora, ele não está em um boteco, em situação privada, falando aos amigos que pensam como ele! O problema não é o juiz ter opinião própria, o problema é não levar em consideração a idéia do comum.
Normalmente eu sou um cara estourado, mas eu venho comendo sapo e mais sapo de motoristas que ultrapassam o sinal vermelho, de gente que joga o lixo na rua, de pessoas grossas e estúpidas sem a menor educação e consideração pelo outro, vizinhos adestrando cães aos berros na frente de minha janela, do mau atendimento crônico por parte de cobradores, taxístas, policiais, servidores públicos e privados e garçons da cidade que, ou eu viro Zen de vez ou eu vou ficar estúpido como eles. À massa lhes é dada música repetitiva e barulhenta, TV de canal aberto de baixíssimo repertório e um jornal de direita, positivista, progressista e moralista. É essa a paisagem que a gente tem de enfrentar.
Não é que o casal que quebrou a agência do INSS esteja certo. E eu nem sei quem foi e por que veio à tona a lei Maria da Penha no processo da mulher com seu (ex?) companheiro. Mas eu acredito que é preciso ter sensibilidade o suficiente para garantir o direito do fraco sobre o forte, inclusive, nos moldes colocados pelo novo juiz do STJ, Luiz Fux, durante a sabatina de sua posse, no Senado, que eu assisti pela TV Senado. A instituição deve acolher, e não isolar ainda mais o fraco que se volta contra a força opressora da lei.
Quanto a mim, só posso agir assim, também, pelo menos enquanto me sinto lúcido e parte de um sistema institucional. Mesmo que a sociedade seja, aos olhos dela mesma, apenas uma massa de manobra de Sheiks e políticos progressistas (no sentido positivista de ordem e progresso) de todos os matizes. Agir contra a paisagem, mas contra, colocando-a de fundo para as minhas figurações, não a negando, porque assim seria anular minha condição institucional. Minha identidade de cidadão, tornando-me "o garçom de costeleta do sistema da babilônia", como já disse o Oswald de Andrade sobre a sociedade de sua época.
Odeio nadar sabendo que tem merda na praia que eu frequento, mas, por sorte do destino, aprendi a ser menos duro e rígido também, comigo. E para não ser o chato ecológico que fuma escondido, o religioso perverso, o buda alienado, o comunista autoritário e nem o ativista impotente que se deixa capturar por mecanismos de poder, sem se aperceber dessa ocorrência, eu tenho sido, assim, uma espécie de ermitão, de eremita, mantendo ao máximo possível a austeridade. Até porque sempre fui pobre. Até porque sempre quis que a arte se fundisse à minha vida e, de alguma forma amalgamada, esse estado pudesse me completar em todos os sentidos: físicos, materiais e espirituais.
Acho que é uma questão de educação, acho que é uma questão de política pública, acho que é uma questão pessoal, mas acho, também, que devemos nos organizar coletivamente para questões pontuais, fazer nossas ações se voltarem para a paisagem real, a que se esfrega em nossa carne, em nossos ossos, em nosso olhos. Pelo direito à cidadania e contra os poderes de exceção, porque esses, com a força dos aparatos de poder, apenas cultivam o desenvolvimento das exclusões. Contra naquele sentido descrito acima, porque, assim, não é na sucessão dos acontecimentos que desenvolvemos nossas estratégias - que podem ser, inclusive, a de permanecer inativo - mas na própria simultaneidade entre o que sou eu e o que me representa. Isso, finalmente, não tira a merda da praia, mas evita que eu me confunda com ela.
22 de fev. de 2011
Rodoviária
Na praça de alimentação, só tem vaca no cardápio
Vegetariano passa fome
O caixa eletrônio é do outro lado da estação
No corredor de embarque
um homem estica o pescoço para ver
o horário das partidas
De que lado fica a plataforma 13?
É preciso mostrar as passagens
Um casal se beija diante da catraca
e se separam com lágrimas nos olhos.
Ela foi viajar
E nunca mais voltou.
Antes eu não sabia de nada
E me perdi
Agora eu sei uma coisa
Mas isso, ainda
não me leva a lugar algum.
Outro ônibus vai embora
Melhor esquecer.
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